O atropelamento de uma travesti foi registrado por câmeras de segurança na noite desta terça-feira (2) na Avenida Edson Ramalho, em Manaíra, bairro de João Pessoa. As imagens mostram um carro branco na contramão e uma travesti na calçada. No vídeo, é possível ver quando o motorista dá ré, e a travesti se sente ameaçada, corre, e pega um objeto que parece ser uma pedra. Porém, ele não se intimida, faz a volta na rua e segue em direção à vítima em alta velocidade. Segundo a polícia, a vítima ainda não registrou boletim de ocorrência do caso e o motorista não foi identificado.
O vídeo mostra ainda quando a travesti tenta pular, mas acaba sendo atingida e o motorista foge. No fim do vídeo, algumas pessoas param para ajudá-la e ela senta em um ponto de ônibus para recuperar os sentidos. O caso aconteceu por volta das 23h30.
Imagens da câmera de segurança de um prédio da avenida, que registrou alguns momentos antes do carro pegar a contramão. O vídeo começa às 23h26, quando a travesti estava caminhando pela calçada e o carro dá ré rapidamente e invade a calçada onde ela está. Percebendo o perigo, ela atravessa a rua.
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Segundo a delegada plantonista do Distrito Integrado de Segurança Pública de Manaíra, apesar de observar a intencionalidade da violência nas imagens registradas pelas câmeras, o caso só pode ser investigado se a vítima prestar queixa do ocorrido.
Segundo a presidente da Associação de Travestis e Transsexuais da Paraíba, Fernanda Bevenutt, a Avenida Edson Ramalho é um dos principais pontos de prostituição de travestis em João Pessoa, junto com a Avenida Diogo Velho, no Centro da cidade, e a região entre os bairros dos Bancários e Mangabeira, na Zona Sul. “A mesma coisa que acontece aqui, acontece nos outros pontos de prostituição. É uma violência gratuita. Isso aqui foi uma tentativa de assassinato”, disse.
Segundo a polícia, a travesti não prestou queixa em nenhuma delegacia e nem solicitou nenhum serviço de atendimento médico. Os moradores da região, no entanto, relataram que não é a primeira vez que acontece um caso de violência contra travestis nessa área e o problema é constante. De acordo com eles, muitos motoristas passam jogando garrafas, pedras e até efetuando disparos de arma de fogo.
“A gente sempre dialoga com as meninas e a gente tem conhecimento, sim, porque essa é a avenida de maior circulação de pessoas com poder aquisitivo melhor pra elas se prostituirem. A gente tem consciência, a gente sabe que essas violências são cotidianas. Desde o insulto verbal, tiro, garrafa, pedrada, tudo isso a gente sabe que acontece. As pessoas têm que respeitar porque elas estão aqui, é prostituição, mas é um trabalho. Por que não dão oportunidade de trabalho, não dão emprego pra elas, pra que elas deixem a rua ou façam prostituição na internet?”, questionou Fernanda.