Esquema teria desviado pelo menos R$ 80 mil de prefeitura na PB, diz MP

Coletiva_Operao Monte Sinai_fotos Ernane Gomes 37Pelo menos R$ 80 mil foram desviados dos cofres da prefeitura de Monte Horebe, no Sertão da Paraíba, segundo o chefe do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba (MPPB), Octávio Paulo Neto. Segundo ele, os valores podem ser ainda maiores porque o MP ainda vai fazer um levantamento do material apreendido na manhã desta terça-feira (21) em uma operação realizada pelo MP em conjunto com a Polícia Militar e a Controladoria Geral da União (CGU) na prefeitura de Monte Horebe e em residências e empresas do município e das cidades de Bonito de Santa Fé e João Pessoa.

Segundo Octávio Paulo, pelo menos 30 pessoas estão envolvidas no esquema de desvio de dinheiro público, entre elas a atual prefeita de Monte Horebe, Cláudia Aparecida Dias (DEM), o ex-prefeito do município, Erivan Dias Guarita (PPS) e o secretário municipal de Administração, Erivaldo Jacó de Sousa.

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O Tribunal de Justiça da Paraíba determinou que, a partir desta terça, os três estão impedidos de chegar a até 100 metros de prédios públicos da cidade por tempo indeterminado. Os outros suspeitos seriam funcionários fantasmas e pessoas que emprestavam os nomes para a criação de empresas de fachada que participavam das licitações.

Entre as investigadas está Cláudia Aparecida Dias, prefeita de Monte Horebe
Entre as investigadas está Cláudia Aparecida Dias, prefeita de Monte Horebe

Em entrevista à uma emissora de rádio de João Pessoa, a prefeita Cláudia Dias disse que está à disposição da Justiça para prestar todas as informações e explicou que os fatos são da gestão anterior a dela, no qual ela atuou como secretária de Administração e da Fazenda. “Eu vejo com tranquilidade e normalidade os trâmites da Justiça e como é de praxe afastar o prefeito em questão. Vamos atender à Justiça no que for possível. Estou me inteirando dos fatos e alguns desses já foram motivo de outros processos, dos quais na época como secretária eu ajudei o prefeito na sua defesa. São fatos que, no decorrer do processo, serão esclarecidos”, disse ela.

Sobre a decisão judicial de se manter afastada dos prédios públicos, ela explicou que vai ser difícil cumprir a medida, pois a cidade é muito pequena. “Eu espero que eles entendam que não é uma afronta à decisão, mas é porque a cidade é realmente muito pequena”, comentou.

De acordo com as investigações do MPPB, as fraudes ocorreram em vários setores da prefeitura de Monte Horebe entre os anos de 2010 e 2012, como a compra de alimentos, obras de construção civil e até a contratação de funcionários, possivelmente fantasmas. “Eram feitas licitações para a realização dos serviços e das obras e o dinheiro era desviado e acabavam entrando nas contas pessoais da prefeita e do ex-prefeito”, explicou o chefe do Gaeco.

Investigação longa
As investigações começaram há mais de três anos e fazem parte de um desdobramento da ‘Operação Transparência’, que investigou esquemas de corrupção e fraudes em dezenas de municípios paraibanos. “Com base nestes dados, pedimos a quebra de sigilo bancário dos investigados e chegamos a constatar o desvio. Na operação deflagrada hoje nós apreendemos computadores, documentos, cópias dos processos licitatórios e vários outros itens que irão ajudar no levantamento de provas do esquema criminoso”, explicou.

Segundo o chefe da CGU, Fábio Araújo, a próxima etapa da operação é analisar o material apreendido e os dados da quebra do sigilo bancário. Isso vai ajudar a levantar, de fato, quais as licitações que realmente aconteceram e foram devidamente executadas e quais não foram. “Também devemos levantar quanto foi o valor real desviado e a estimativa é de que em até três meses tenhamos tudo isso apurado”, explica Araújo. Para ele, este levantamento vai tornar possível confirmar as suspeitas e a partir disso é que podem ser determinadas as medidas punitivas de acordo com os possíveis crimes. “Nossa meta também é tentar recuperar de volta para os cofres públicos os valores desviados”, disse.

O chefe do Gaeco explicou que, inicialmente, o Ministério Público vai investigar indícios dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e desvio de dinheiro público. “Com a apuração do material apreendido, podemos não só confirmar estes crimes como também até mesmo descobrir outras atividades ilícitas, bem como o envolvimento de outras pessoas”, concluiu Octávio.

Do G1 Paraíba

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