Com personagens fictícios entre fatos e personalidades da vida real, a série Peaky Blinders navega pela história europeia do início do século XX, indo desde o fim da I Guerra Mundial, passando pela ascensão do comunismo e dos levantes operários, até culminar nos horrores do fascismo e do nazismo. O passeio histórico é conduzido por Thomas Shelby (Cillian Murphy) e sua família, líderes da gangue Peaky Blinders, em Birmingham, na região industrial da Inglaterra. Confira a seguir alguns elementos reais que fazem parte da trama.
Os verdadeiros Peaky Blinders
A família Shelby é cria da ficção, mas o grupo de criminosos de fato existiu — só não foi tão expressivo e forte como na série. Também provenientes de um cenário de miséria, os gângsteres agiram por volta dos anos 1890 – já a série se passa a partir de 1919. Enquanto na ficção os Peaky Blinders superaram todos os grupos de foras da lei da região, na vida real eles foram escanteados pelos The Birmingham Boys, que são retratados como a facção rival na primeira temporada. Como sugere a série, o nome da gangue carregava consigo uma lenda urbana: peaky estaria relacionado à aba pontuda da boina usada por eles, enquanto blinders se refere a uma suposta lâmina acoplada ao acessório. A teoria mais aceita, na verdade, diz que o nome do grupo seria uma forma coloquial de dizer que eles se vestiam de forma muito arrojada e elegante – look que era assimilado até pelas mulheres dos mafiosos.
Winston Churchill, o político amigo de Shelby
O ex-primeiro-ministro britânico é uma presença de luxo na série, desde a primeira temporada. Sua participação não é baseada em fatos, mas serve para criar a ambientação de toda a trama. Churchill lutou na I Guerra e foi Secretário de Defesa – mais tarde, seria o primeiro-ministro a encarar Hitler na II Guerra, em um papel crucial para derrubar o nazismo. Na série, Churchill se alia a Tommy Shelby por reconhecê-lo como um igual no campo de batalha. A presença do político também ajuda a estabelecer os ares de animosidade da época: entre guerras, o comportamento violento era parte do cotidiano no país.
Alfie Solomons, o estranho mafioso
O caricato mafioso judeu vivido por Tom Hardy, um dos personagens mais interessantes da série, foi inspirado num gângster da vida real chamado Alfred Solomon. Assim como na série, Solomon era um homem perigoso e influente, que se envolveu com a máfia italiana Sabini, presente na Inglaterra entre os anos 1920 e 1930. Ele foi detido ao atirar em Billy Kimber, o líder dos The Birmingham Boys, outro personagem real rapidamente mostrado na atração. Eventualmente, Solomon se tornou um informante da polícia.
Oswald Mosley, o fascista
Em um mundo de bandidos, o vilão precisa ser tenebroso. A série encontrou a vilania ideal na figura asquerosa do político Oswald Mosley, vivido por Sam Claflin. Como mostra o roteiro, ele foi o criador da União Fascista Britânica nos anos 1930 – nome advindo de sua amizade com o ditador italiano Benito Mussolini. Era dono de uma oratória hipnotizante e chegou a ser cotado para assumir o posto de primeiro-ministro. Outro detalhe que a série apresenta são as roupas pretas usadas por seus seguidores, uma espécie de milícia extremista, também inspirada no colega italiano, que criou um exército do tipo chamado de os Camicia Nera (os camisa pretas). No auge, o partido criado por Mosley arrebanhou 50.000 membros. A legenda só foi proibida pelo parlamento inglês em 1940. Mosley foi preso durante a II Guerra e, depois, deixou a Inglaterra vivendo em diversos países na Europa. Tentou novamente a carreira política, sem sucesso. Ele morreu em 1980, aos 84 anos.
Diana Mosley, o “anjo” de Hitler
Interpretada por Amber Anderson, Diana também foi uma figura real da história. Bela e rica, a segunda esposa de Mosley foi uma pessoa detestável, considerada pela Inteligência Britânica como mais perigosa que o marido – enquanto Adolf Hitler a apelidou de “meu anjo”. Como mostra a série, Oswald e Diana se casaram em Berlim, com Hitler entre os convidados, numa cerimônia luxuosa na casa do ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels. Assim como o marido, ela foi detida durante a II Guerra. Depois, viveu em liberdade com ele até ficar viúva. Diana morreu em Paris, em 2003, aos 93 anos.
ManchetePB
com Veja