Hoje, 17 de janeiro de 2023, eu acordei no meio da madrugada, especificamente às 3h25, levantei e fui à cozinha tomar um pouco de água. Durante esse pequeno trajeto me veio uma longa memória, regada de saudade, é… me veio a lembrança de um tempo que não volta mais. Enquanto eu caminhava até a cozinha eu ouvia que em algum lugar não tão perto, mas também não tão distante, os galos cantarolavam em alguns lugares da cidade. E foi justamente nesses instantes que o gatilho da memória me teletransportou para aproximadamente 20 anos atrás.
Lá no início dos anos 2000, há cerca de 20 anos, durante esses dias entre 11 e 19 de janeiro eu estava chegando em casa, juntamente com meus pais, dessa tradicional quase bicentenária Festa de São Sebastião de Pilõezinhos. Eu os acompanhava, juntamente com meu outro irmão Álvaro, em quase todas as festas, não para me divertir, mas porque eles trabalhavam nelas, fazendo aquele malabarismo de uma mistura de frutas e bebidas, leite condensado, vodka pra cá, uva e outras frutas ‘pracolá’ e, ao final, saía aquela tão deliciosa Caipifruta do Tzão – é… esse era o nome: Caipifruta do Tzão. A barraca da caipifruta de Lucas Som ficava em dois pontos específicos: ou em frente ao Colégio Estadual, ou em frente a casa de Assisinho (saudoso Assisinho que nos deixou recentemente), quem é de Pilõezinhos lembra muito bem dessa figura icônica, o homem do carvão, que rodava Pilõezinhos em sua bicicleta monark. Esse era o local do palco principal: a famosa Rua da Delegacia.
Geralmente nesse horário em que eu ouvi os galos cantarem a gente tinha acabado de chegar em casa, pois no início dos anos 2000 as festas de Padroeiro em Pilõezinhos encerrava-se nesse horário. E acreditem, eram as 9 (nove) noites de atrações tanto no Palco do Brega como também no Palco Principal – o povo era festeiro. E era nesse horário, depois das 3h da madrugada, que nós chegávamos em casa, botava aquele café bom no caneco, devorava um pão doce e, às vezes quando nossos pais deixavam, enquanto tomávamos café, a gente assistia um pouco de TV, que era uma daquelas da caixa de madeira, tubo grande, rodava o botão com um barulho de catraca (tec, tec, tec), e escolhia um dos três canais disponíveis que tínhamos.
Com isso, terminei de tomar meu copo d`água com aquele sabor de saudade e, como o líquido que escorria pela minha garganta, lembrei também que o tempo escorre pelos dedos das nossas mãos que a gente nem percebe. E em apenas alguns minutos de lembrança lá se foram vinte e tantos anos de um momento bom do passado que se fez presente em minha memória, regado a alguns goles de água e ao som da melodia de alguns galos cantando.
Adriano Santos – 17 de janeiro de 2023