O professor Paulo Kuhlmann, que foi acusado por uma estudante da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) de assédio moral contra ela e assédio sexual com outras alunas do curso de relações internacionais na instituição, foi afastado de todas as funções pela universidade. Um processo de sindicância administrativa também foi aberto contra o professor.
A denúncia foi feita por uma aluna durante a cerimônia de abertura de um fórum internacional realizado no campus V da UEPB, em da qual a estudante, que pediu para não ser identificada, foi a cerimonialista. (Assista ao vídeo abaixo)
De acordo com o documento que afasta o professor das atividades acadêmicas ou de qualquer tipo dentro da instituição, o afastamento do investigado é pelo prazo de 60 dias a partir da publicação da portaria e acontece de maneira “cautelar”.
Em relação à sindicância administrativa que foi aberta, mais detalhes não foram divulgados, somente que uma comissão, denominada de Comissão Permanente de Inquérito Administrativo (CPIA) vai apurar as condutas do professor.
Em contato com a UEPB salientou que a sindicância é um procedimento padrão adotado não apenas nesse caso, mas, em toda denúncia de assédio que chega à ouvidoria da instituição. Sobre o afastamento do docente de forma temporária, a universidade afirmou que é uma conduta tomada para preservar o bem estar da denunciante. A UEPB disse também que vai emitir uma nota com “ações implementadas pela instituição” no que diz respeito ao caso.
“entrou em contato com a defesa de Paulo Kuhlmann para saber o posicionamento sobre a decisão da universidade. Advogado Rômulo Palitot, que representa o professor, afirmou em nota que a sindicância aberta pela universidade não deve ser interpretada como uma condenação definitiva e que trata-se apenas de “medida procedimental para esclarecer os fatos e permitir que todas as partes envolvidas possam apresentar suas versões”.
Além disso, a defesa do professor ressaltou que o cliente “confia plenamente na justiça e está comprometido em colaborar integralmente com as investigações para esclarecer os acontecimentos”.
Uma estudante do curso de relações internacionais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) denunciou publicamente um professor, por assédio moral contra ela e por assédio sexual contra outras colegas de curso. A denúncia aconteceu durante a cerimônia de abertura de um fórum internacional realizado no campus V da UEPB, em João Pessoa, da qual a estudante, que pediu para não ser identificada, foi a cerimonialista.
Paulo Kuhlmann é professor da UEPB no curso de relações internacionais e mestre e doutor em ciência política, com estudos focados na diminuição de violência e construção de paz a partir do âmbito local. Além de ser professor, ele também atua em um trabalho de palhaço social.
Segundo a estudante, após a fala do professor, ela procurou a ouvidoria da UEPB para denunciá-lo, mas a denúncia não foi acatada. “A ouvidoria disse que era a minha palavra contra a do professor, e que como eu não tinha provas, não tinha como provar o que ele disse. Ele [o professor] perguntou se eu estava na lista de peguetes do professor Carlos Enrique, e a ouvidoria não acatou as minhas denúncias, então eu entrarei com um processo jurídico e um boletim de ocorrência contra o dr. Paulo Kuhlmann”, disse a aluna.
Ainda durante a fala, a estudante relatou outros casos de assédio, desta vez sexuais, e que teriam acontecido contra outras colegas.
“Eu falo por todas as vítimas do Paulo, foram muitas vítimas, muitas meninas que vieram até mim e que vieram denunciar esse professor que é um assediador. […] Eu não mereço ter que ouvir um professor dizer que eu estaria tendo um caso com o coordenador do curso no meio do meus colegas; um professor que sai dizendo, para uma menina que apresentou um trabalho, que ele iria gozar depois da apresentação dela; de virar para uma outra menina e dizer que tem tesão nela; e de sugerir o uso de vibradores com alunas. Isso é inaceitável e a UEPB foi omissa, porque foi denunciado”, relatou.
Após as denúncias, a defesa do professor investigado, representado por Rômulo Palitot, disse que tratou a denúncia da estudante como “um comentário totalmente descabido e sem nenhum amparo legal, aproveitando-se da ausência do professor para assacar inverdades”.
Ainda na nota sobre as denúncias, a defesa disse também que desconhece a existência de qualquer procedimento instaurado contra ele. E afirmou que vai tomar todas as medidas cabíveis para “demonstrar a veracidade dos fatos”.
Medidas tomadas pela UEPB
A universidade afirmou, no fim da tarde de quinta-feira (23), que está apurando as denúncias feitas contra o professor de relações internacionais. Segundo nota oficial, o processo está tramitando na ouvidoria desde o dia 31 de outubro, quando o setor foi acionado formalmente.
“Destacamos que em casos de assédio, há uma rotina a ser adotada que exige um prazo maior de tramitação. Inicialmente, são estudadas as medidas cabíveis a serem adotadas. Quando necessário são solicitadas mais informações sobre o caso para uma melhor apuração, incluindo algum tipo de comprovação do relato apresentado”, informou a instituição .
A UEPB ressaltou que a solicitação da comprovação não está relacionada à desconsideração da palavra da denunciante. Mas seria uma medida para evitar que o caso seja arquivado por ausência de provas. A instituição disse também que as outras estudantes citadas procurem a ouvidoria.
“Destacamos que não houve arquivamento ou descaso com a referida denúncia que segue tramitando, assim como outros casos que tiveram solução a partir da ação da ouvidoria da UEPB. A maioria dos casos que nos chegam são solucionados, e em algumas situações, nas quais as denúncias puderam ser comprovadas, houve a punição dos assediadores com penalidades como advertência, suspensão e até demissão de servidores”.
Em nota, divulgada no sábado (25), a advogada que representa a estudante que denunciou os casos de assédio contestou as informações divulgadas pela UEPB. Segundo Regina Coeli, a universidade não admitiu formalmente a denúncia em 31 de outubro, o que levou a estudante a divulgar os fatos publicamente. E disse que o procedimento contra o professor ainda não estaria aberto.
G1 Paraíba com
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