Apesar do bom público que tem recebido ao longo deste Brasileiro, com uma média de 32 mil torcedores por jogo, a Arena Corinthians vive dias difíceis nos bastidores.
O dinheiro destinado à administração do estádio sai de um fundo formado pelo clube e pela Odebrecht. O problema é que o valor em caixa neste fundo é suficiente para pagar parcelas do empréstimo feito com o BNDES até, no máximo, novembro de 2015, segundo apurou a Folha.
Desde julho deste ano, o fundo tem de desembolsar R$ 5 milhões ao mês para quitar a dívida adquirida durante a construção do estádio.
Acontece que as despesas ao longo deste ano atingiram cerca de R$ 68 milhões, mais do que o esperado; já a arrecadação (R$ 80 milhões) ficou muito aquém do planejado, fazendo com que o dinheiro acabasse antes do previsto.
O atraso nas obras, que ainda não terminaram, foi determinante para este cenário.
Segundo as estimativas feitas antes da construção da arena, levando em conta apenas nove meses do ano, já que estamos em setembro, a ideia era que já tivessem sido arrecadados R$ 218 milhões, com vendas de propriedades e comercialização de espaços.
As receitas alcançadas, R$ 80 milhões, representam só 37% do previsto. Os resultados de 2014 praticamente empataram entre entradas e saídas.
A situação levou o Corinthians e a Odebrecht a enviar um pedido para ampliar o período de carência para fazer os pagamentos ao BNDES.
O fundo pede à Caixa (responsável por repassar o financiamento) que as mensalidades sejam interrompidas imediatamente e que o fundo deixe de pagar o banco por 17 meses, quase um ano e meio.
A proposta anterior era suspender a quitação das parcelas até fevereiro do ano que vem, mas o fundo concluiu que não seria o suficiente para ajeitar a casa.
O contrato com a Caixa prevê multa de até 3% sobre o valor em débito caso haja atraso no pagamento das parcelas.
Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, que acompanha a obra desde o início, confirma o pedido de carência por um período mais longo. Também confirma que as despesas foram maiores do que as projetadas. Andrés reiterou que o clube pagará o estádio, conforme foi acordado.
Segundo as regras do BNDES para financiar outros estádios erguidos para a Copa, há até 36 meses de carência, a contar do dia da assinatura do contrato.
No caso da Arena Corinthians, o acordo atual entre o fundo, a Caixa e o BNDES prevê uma carência menor.
A assinatura da documentação ocorreu em 29 de novembro de 2013. Levando em conta esse parâmetro, o estádio só teria aproveitado 17 meses de carência, já que começou a pagar em julho. É esse o argumento dos administradores do fundo.
A Odebrecht informa que, com o Corinthians, “mantém negociações com a Caixa para ajuste da carência do financiamento, dentro do limite de prazo permitido pelo Programa PróCopa Arenas”. Por meio da assessoria, a Caixa diz que não irá se manifestar.
Da Folha de S. Paulo