
As primeiras 24 horas que sucederam a anulação da eleição para escolha dos conselheiros tutelares de Pilõezinhos foram de pura ressaca moral. O constrangimento coletivo é tão patente que fica impossível esconder. Quem votou, foi votado, quem participou ou assistiu calado, está indignado.
De tudo se escuta. Comentaristas e analistas sobram, assim como a mais rasa e ineficaz de todas as táticas: procurar um único culpado. Simplesmente ele não existe. Todos nós precisamos admitir que com atos e omissões, de alguma forma, alimentamos – mesmo que discretamente – os maus costumes eleitorais, que de tão enraizados, atingem todas as disputas, desde as mais simples até as mais sofisticadas. Em nossa prátia, é sistêmico, endêmico, estrutural e tornou-se cultural o estigma da corrupção. O germe da “vantagem indevida” contaminou os processos de representatividade em todas as esferas.
Antes de nós, o apóstolo São Paulo, em 1 Coríntios 15,33 nos alertava “as más companhias corrompem os bons costumes”. Deixar-se moldar pelos erros sob o pretexto de que “todo mundo faz”, era uma preocupação do apóstolo. Hoje, uma realidade. Fazer o certo mesmo que ninguém veja, é o maior desafio da vida social moderna.
Descontando os bem intencionados e verdadeiramente comprometidos com a cidadania, erramos todos: mesários, autoridades, candidatos, eleitores e a sociedade. Reflitamos:
- Errou feio o eleitor que aceitou ou propôs receber uma vantagem em troca do voto.
- Pecou o candidato que corrompeu o eleitor ou o induziu com intensa boca de urna.
- Falhou a organização e a fiscalização do processo de votação.
- Desviou-se da moral a classe política ao direcionar a eleição para o campo partidário.
- Falhou a sociedade que não selecionou melhor e não deu a devida importância ao órgão.
- Erramos todos. Por nossa omissão, também erramos.
Da maneira que se deu, de fato, a eleição começou nula, nunca foi válida, essa é a verdade que precisa ser admitida. Agora não há o que fazer a não ser dar a volta por cima com um pleito limpo e organizado. É buscar, cada qual em seu quadrado, um comportamento mais ético, menos passional, caso contrário todos os processos de escolha serão tumultuados e contaminados.
Se não fomos capazes de zelar por uma simples escolha de um Conselho Tutelar o que esperar das próximas eleições municipais.
Quem viver verá!
Rafael San – ManchetePB