Os quatro réus do caso do menino Everton Siqueira, de 5 anos, morto em um “ritual macabro” em outubro de 2015 na cidade de Sumé, na região da Borborema, vão ser julgados em júri popular. A juíza Giovanna Lisboa Araújo de Souza, responsável pelo caso, pronunciou todos os réus na quarta-feira (9). Um deles é a mãe do garoto assassinado.
Após a decisão, os defensores públicos que fazem a defesa dos réus vão ser notificados e a partir da intimação começa a correr o prazo para o recurso. Por enquanto, ainda não há previsão para a data de realização do júri dos acusados.
Foram denunciados pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) a mãe da criança, o padrasto, um amigo da família e um homem apresentado como “pai de santo”. A promotoria afirma que o menino foi usado em um ritual. O crime completou um ano no dia 13 de outubro deste ano.
Everton foi achado na manhã do dia 13 de outubro por moradores com incisões e partes do corpo mutiladas. O sangue da criança foi retirado, de acordo com o resultado da perícia. Segundo o inquérito da Polícia Civil, ele foi assassinado na madrugada do dia 11 de outubro próximo a um boqueirão na Zona Rural horas após a desaparecer.
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De acordo com informações do cartório da Vara Única da Comarca de Sumé, as alegações finais da promotoria e dos defensores públicos dos acusados já foram entregues. O processo agora aguarda sentença de pronúncia da juíza Giovanna Lisboa e logo em seguida os quatro vão a júri popular. Ainda não há data definida.
Uma audiência de instrução foi realizada no dia 18 de maio pela juíza responsável pelo processo à épova, Michelini Jatobá. Após isso, novas diligência foram feitas. Atualmente, o suposto pai de santo está preso em um presídio de Catolé do Rocha, o padrasto e o amigo da família no Complexo Prisional de Jacarapé, o PB1, e a mãe de Éverton na Penitenciária de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão, ambos em João Pessoa.
Acusação
O promotor do caso até a conclusão das alegações finais do MP foi Pedro Alves da Nóbrega. Para ele, não há dúvidas que os quatro participaram da morte da criança. Eles são acusados dos crimes de morte por motivo torpe, crime cruel praticado mediante tortura, impossibilidade de defesa da vítima, ocultação e destruição de cadáver, humilhação a cadáver e associação criminosa.
Segundo ele, há provas contundentes e participação material. “Eu considero a mãe a pior que tem entre os acusados. Ela colheu o sangue do menino durante todo o ritual. A criança foi usada e morta de forma cruel. Foi um crime horroroso. A pena para eles vai ser muito alta. Perto de 30 anos para cada, dependendo da dosagem que será utilizada”, disse Pedro Alves da Nóbrega. O atual promotor é Diogo D’arolla, que preferiu não se pronunciar.
Mais crimes
O padrasto da criança que está preso é suspeito de outros crimes, segundo a polícia. Ele teria cometido um latrocínio no ano de 2007 na cidade de Rio Tinto e depois fugiu da cadeia pública do município. Anos depois morou em Areia, no Brejo paraibano, e também é suspeito de agredir uma ex-companheira.
Depoimento da mãe
A mãe da criança prestou depoimento à polícia no dia 16 de outubro e teria assumido que presenciou a morte do menino. Segundo a polícia, a mãe teria confessado a participação no assassinato durante depoimento dado depois que soube da confissão de um outro suspeito do crime. Ela ainda teria admitido que a irmã da criança, que tem sete anos de idade, também seria morta.
Ainda segundo a polícia, a mãe contou que os suspeitos riram durante a ação. Ela teria falado também que o menino ‘ciscava’ enquanto era esfaqueado. “Um homem o agarrou pelas costas e o padastro o golpeou de faca”, disse em depoimento.
Sangue da criança
Segundo o delegado Paulo Ênio, “durante o depoimento, a mãe afirmou que suspeitava que o sangue do menino iria ser oferecido e não bebido”.
“Este homem que confessou tudo, o padrasto, a mãe e o vizinho que está preso pegaram a criança e levaram ela até um riacho, onde fizeram todo o ritual de sacrifício. O menino foi banhado e, usando uma faca de seis polegadas, o padrasto abriu o tórax da criança. O que leva a crer que foi um ritual de magia negra é que o pênis da vítima foi decepado”, explicou o delegado Paulo Ênio.
Morto era inocente
O delegado ainda esclareceu que um homem com problemas mentais, que era apontado como um dos suspeitos, não tinha envolvimento com o caso e era inocente. Ele foi preso e morto dentro do presídio pelo padrasto do menino.
“O padrasto mentiu em seu depoimento quando disse que viu o deficiente mental próximo ao corpo da criança no matagal. O padrasto queria colocar a culpa neste homem, mas quando viu que a versão deles estava caindo por terra, resolveu estrangular ele dentro da cela”, contou.
Do G1 Paraíba