A paraibana Tereza Gomes, de 23 anos, acionou a Polícia Federal, na tarde de quarta-feira (1º) para investigar o furto de dados e conta do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) hackeada, com inscrição para o curso de produção de cachaça, no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG). De acordo com o advogado da jovem, Manolys Salins, foram entregues à Polícia Federal provas impressas “sobre o constrangimento e prejuízo que ela [a estudante] vem sofrendo com essa situação”.
O delegado corregedor da Polícia Federal da Paraíba, Yilemar Rodrigues Júnior, confirmou que a jovem procurou a corporação, prestou depoimento e entregou o material. “Quando chegar à Corregedoria, nós vamos analisar e, se for o caso, vamos instaurar o inquérito”, informou.
No período de inscrição do Sisu, Tereza tentava aprovação para o curso de medicina, mas na sexta-feira (27) viu que estava longe da aprovação – mesmo tirando nota mil na redação – e parou de acessar o sistema. Depois, descobriu que a conta dela no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foi hackeada. “É um absurdo, fiquei muito nervosa”, disse.
Conforme informações do advogado, além das fraudes no Sisu, a estudante tem sofrido ameaças e teve todos os dados pessoais divulgados. “A gente levou todo o material para a Polícia Federal e pedimos a apuração dos fatos”, explicou.
A Polícia Federal informou à defesa de Tereza que iria dar início a investigação. No entanto, ainda não há prazo para conclusão do caso, tendo em vista que as informações transferidas para a PF são excessivas.
Manolys Sanlins ainda esclareceu que a Polícia Federal pretende apurar, em um primeiro momento, se os dados da estudante foram hackeados antes de entrarem no Sistema de Seleção ou se as informações foram coletadas através do próprio Sisu. “Acreditamos que foi hackeado o sistema do Sisu, porque outras pessoas também sofreram a mesma situação”, opinou o advogado.
Entenda o caso
Tereza foi uma das 77 pessoas que conseguiram nota mil na redação em todo o Brasil, no entanto, o desempenho geral não foi suficiente para conseguir a aprovação no curso de medicina.
Na noite de segunda-feira (30), a estudante recebeu uma mensagem de uma pessoa desconhecida na rede social Facebook com um print da lista de aprovados em um outro curso, incluindo o nome dela. No momento, achou que era montagem e não se preocupou. Na terça-feira (31) recebeu a notícia de que sua conta teria sido invadida e que seu nome estava mesmo na lista do curso de produção de cachaça, no IFNMG.
Sobre o caso em questão, o MEC diz que “consta nos registros do Sisu acessos nos dias 24 e 29 de janeiro, respectivamente, às 12h15 e 22h12″. O sistema também apresenta três tentativas de acessos sem sucesso (nos dias 24 de janeiro, sendo dois deles às 20h06 e o último às 20h07). A única opção de escolha de curso que consta é a de Produção de Cachaça […], realizada no dia 29 de janeiro às 22h14, conforme consta no último acesso registrado no Sisu”
Em outros casos parecidos citados pela imprensa, o Inep já identificou no sistema data, hora, local, operadora e IPs de onde partiram as mudanças de senha. “Os dados serão encaminhados para a Polícia Federal”, diz o MEC. As informações são do G1 Paraíba.