Uma carta assinada por um monge da Igreja Anglicana reacendeu as denúncias que pesam sobre o Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto. De acordo com o texto de Dom Rafael Caneschi, teria sido levado ao conhecimento do líder da igreja católica na Paraíba o fato de que religiosos estariam vivendo como casais homoafetivos em um mosteiro na zona rural de Itatuba e ele não teria tomado qualquer providência. Ao contrário, haveria o consentimento dos superiores.
O assunto é destaque na edição deste domingo do Jornal da Paraíba, que ouviu a versão da Igreja Católica sobre a carta de Dom Rafael. O fundador do mosteiro, monsenhor Jaelson de Andrade disse que a carta é caluniosa e suas denúncias, infundadas.
No dia 30 de agosto, o Jornal da Paraíba também noticiou que o Vaticano havia suspendido o Arcebispo da Paraíba. Confira o que trouxe a notícia naquele dia:
Pode celebrar missa e casamento, mas não pode ordenar padres e diáconos. É com essa limitação que o arcebispo dom Aldo Pagotto continua à frente da Arquidiocese da Paraíba, onde chegou no ano de 2004. Quem revela essa restrição é um grupo de padres, que pediu o anonimato para esmiuçar o que acontece nos bastidores da Igreja Católica na Paraíba. Dom Aldo estaria proibido de ordenar presbíteros e diáconos, desde o início deste ano, por determinação do Vaticano.
A crise no clero da Paraíba não se instalou da noite para o dia. Segundo um padre que não quis se identificar, a insatisfação com o arcebispo foi crescendo ao longo dos anos. O ápice se deu em 2013, quando ocorreu uma visita canônica, ocasião na qual um representante do Vaticano veio a João Pessoa com a missão de ouvir os religiosos sobre a realidade vivida na Arquidiocese da Paraíba. Ao todo, 26 padres prestaram depoimentos contrários à conduta de Pagotto.
A visita canônica ou visita apostólica é uma iniciativa da Santa Sé, que prevê o envio de um representante – visitador apostólico – para avaliar um instituto eclesiástico, como uma diocese. No caso da Paraíba, o visitador apostólico foi o então arcebispo de Garanhuns (PE), dom Fernando Guimarães, hoje arcebispo da Diocese Militar em Brasília.
Um relatório foi feito e se transformou em um processo que tramita na alta cúpula da Igreja. No início deste ano, segundo o grupo de padres, dom Aldo foi a Roma prestar esclarecimentos sobre as investigações envolvendo seu nome. A expectativa, de acordo com o grupo que conversou com o JORNAL DA PARAÍBA, é de que o Vaticano emita um parecer sobre a situação até novembro próximo, que pode ser, inclusive, a saída de dom Aldo.
A reportagem procurou a Nunciatura Apostólica, em Brasília, onde foi dito que o órgão não presta informações sobre nenhum processo, independentemente de sua natureza. A Nunciatura, que representa o Vaticano no Brasil, recomendou procurar a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que, por sua vez, não enviou resposta ao que foi solicitado.
As reclamações são muitas, mas o pedido dos religiosos é claro: eles querem a saída do arcebispo. A principal queixa contra Pagotto é a falta de diálogo e a tomada de decisões de forma unilateral. “Ele não ouve ninguém, não consulta quem deve ser consultado. É um bispo que se considera dono da Igreja”, reclama um dos padres. Nem mesmo o Conselho Presbiteral participaria das decisões do arcebispo, segundo o grupo.
Suspenso de ordenar, dom Aldo tenta se defender do que classifica de “denúncias infundadas”. A Arquidiocese da Paraíba rebate a informação e diz que isso não existe. Contudo, revela que não há previsão de nova ordenação. A decisão de ordenar presbíteros e diáconos é exclusiva do bispo, segundo os regulamentos da Igreja Católica. Em outras palavras: é o bispo quem decide quando deve ordenar novos padres e diáconos, quando achar que eles estão prontos para isso, sem ter que se alongar nas explicações. A arquidiocese pede provas em relação às denúncias.
Procurado pela reportagem para dar sua versão, o arcebispo limitou-se a dizer a seguinte frase:”Isso de novo? É tudo calúnia”. Depois disso, todas as respostas foram dadas pela assessoria de imprensa da Arquidiocese da Paraíba.”
Com Jornal da Paraíba