Se 70% dos brasileiros dizem não ter lido nenhum livro em 2015, o cenário é ainda mais preocupante para os escritores nacionais – apenas um brasileiro está na lista dos 20 livros de ficção mais vendidos ao longo do ano no país.
O representante brasileiro é ”O Irmão Alemão”, obra semi-autobiográfica do músico e escritor Chico Buarque. Foram vendidos até o dia 11 deste mês 17 mil exemplares do livro no país, o que o coloca na posição 18 do ranking elaborado pelo Publishnews – que reúne as vendagens das 12 maiores livrarias do país.
O livro que lidera a lista, “Grey”, de EL James, vendeu 165 mil unidades, ou seja, quase 20 vezes mais que Chico Buarque. EL James aparece mais três vezes no ranking com os outros livros da série “Cinquenta Tons de Cinza”.
A dificuldade está até em encontrar publicações de autores brasileiros de literatura adulta nas livrarias. Em Brasília, por exemplo, das cinco livrarias de shoppings visitadas pelo Metro Jornal nenhuma tinha títulos de importantes escritores como Nélida Piñon, Carlos Nejar ou Alfredo Bosi – todos eles membros atuais da Academia Brasileira de Letras.
Para a escritora Márcia Tiburi esse desinteresse é consequência da educação insuficiente à qual o público tem acesso. “Há poucos leitores relativamente ao todo da população alfabetizada. No fim, o incentivo é pouco e poucos são também os escritores. Talvez um dia consigamos sair do âmbito da quantidade e ir para o da qualidade”, diz.
A esperança para autores nacionais está em outros ramos que não sejam a ficção. Entre os livros infantojuvenis, cinco dos 20 mais vendidos são nacionais. Tanto em livros de não ficção quanto de negócios os brasileiros tomam metade da lista. Nos livros de autoajuda são os internacionais que viram minoria: apenas cinco dos mais vendidos da categoria não são nacionais.
Em todos os casos acima, um padrão: os livros mais vendidos estão associados a celebridades de outros meios de comunicação, da internet à política. Aparecem nas listas nomes como Andressa Urach, Bela Gil, Kéfera, Fernando Henrique Cardoso e Drauzio Varella.
Do Uol