O desemprego no país subiu para 7,5% em julho, pior resultado para o mês desde 2009, quando ficou em 8%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. A taxa é referente a seis regiões metropolitanas: Rio, São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre. O resultado veio pior do que a expectativa de analistas do mercado financeiro, que era de que o indicador ficasse em 7% em julho, segundo a mediana das projeções compiladas pela Bloomberg. Também foi superior ao dado de junho, que ficou em 6,9%. Além disso, marca mais uma mês de alta, numa tendência iniciada em dezembro do ano passado, quando ficou em 4,3%.
O aumento da taxa foi influenciado pelo crescimento da população desocupada — os que buscam emprego, mas não encontram. Em julho, esse grupo chegou a 1,8 milhão de pessoas, alta de 56% em relação ao mesmo mês do ano passado. O aumento de desocupados nesse tipo de comparação é o maior da série histórica, iniciada em 2002. Isso representa uma adição de 622 mil pessoas à massa de desempregados. Em relação a junho, o aumento foi de 9,4% (ou 158 mil pessoas).
— O crescimento da taxa de julho foi fundamentalmente influenciada pelo crescimento da população desocupada — afirmou Adriana Beringuy, técnica do IBGE responsável pela pesquisa.
Ao mesmo tempo, a população ocupada ficou em 22,8 milhões de pessoas, sem variação estatisticamente relevante frente a junho ou julho do ano passado, segundo o IBGE. Também ficou estável a chamada população não economicamente ativa, formada por pessoas que não estão à procura de vagas. O grupo — que, quando cresce, ajuda a aliviar a pressão sobre o mercado de trabalho — ficou estável em 19,3 milhões de pessoas.
Ou seja, mais do que as demissões, o que está pressionando a taxa de desemprego é o aumento da busca por vagas, explica a analista.
— É uma procura crescente por trabalho, que está sendo influenciada tanto por aquelas pessoas que estão saindo da ocupação, perdendo o trabalho, mas também influenciada por pessoas que antes estavam naquela população inativa, chamada Pnea (população não economicamente ativa), que saem da desocupação e passam agora a pressionar o mercado de trabalho. A gente observa um aumento de pessoas procurando trabalho e, do outro lado, um mercado que não está gerando os postos para absorver — explicou Adriana.
Ainda em julho, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores chegou a R$ 2.170,70 e praticamente não variou em relação a junho, já que a alta foi de apenas 0,3%. Frente a julho do passado, no entanto, recuou 2,4%.
Do O Globo