Três dias após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar o rompimento com o Palácio do Planalto e a ida para a oposição, a presidente Dilma Rousseff se reúne nesta segunda-feira (20) com os integrantes da chamada coordenação política do governo, formada pelos ministros mais próximos e conselheiros políticos.
Na última sexta (17), Eduardo Cunha convocou a imprensa para uma entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Na ocasião, ele anunciou o rompimento com o governo e disse que passaria a atuar como opositor à gestão Dilma Rousseff. O deputado, porém, disse que a “relação institucional” não será “afetada”.
O anúncio de Cunha ocorreu um dia após o consultor da empresa Toyo Setal Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, relatar à Justiça Federal do Paraná que Cunha pediu propina de R$ 5 milhões, o que o peemedebista nega. O presidente da Câmara acusa o Palácio do Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Lava Jato.
Os assuntos discutidos nos encontros da coordenação política do governo não são divulgados previamente pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência. O grupo, que se reúne às segundas-feiras pela manhã, avalia o cenário político e define estratégias a serem adotadas pelo governo nos próximos dias.
Entre os ministros que participam das reuniões semanais, estão Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Jaques Wagner (Defesa) e Eduardo Braga (Minas e Energia). Além deles, costumam ser chamados ao Planalto os líderes do governo no Congresso Nacional, o deputado José Guimarães (PT-CE) e os senadores José Pimentel (PT-CE) e Delcídio do Amaral (PT-MS).
Renan Calheiros
Em meio à crise política entre o Palácio do Planalto e Eduardo Cunha, o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), gravou pronunciamento para destacar a atuação do Senado no primeiro semestre deste ano.
Em sua fala, de cerca de 20 minutos, Renan disse manter “excelente” relação com Cunha, criticou o ajuste fiscal proposto pelo governo para reequilibrar as contas da União e acrescentou que o Planalto vive crise de “credibilidade”.
“Não tenho oráculo para profetizar o desfecho dessa crise, muito menos o tempo de sua duração. Mas estamos na escuridão, assistindo a um filme de terror sem fim. E precisamos de uma luz indicando que o horror terá fim. O país pede isso todos os dias”, declarou o peemedebista no vídeo.
Do G1