Luiz Oliveira chegou às Olimpíadas de Paris 2024 com um sonho: igualar o feito do avô, Servílio de Oliveira, e conquistar uma medalha olímpica no boxe. O jovem paulista de 23 anos, contudo, terá de esperar até Los Angeles 2028 para fazê-lo. Nesta quarta-feira, o peso-pena (até 57kg) brasileiro foi derrotado pelo americano Jahmal Harvey, terceiro cabeça de chave do torneio, numa controversa decisão dividida (3-2) e foi eliminado logo na estreia.
Os dois pugilistas se conheciam de longa data: se enfrentaram cinco vezes antes de chegar a Paris, com três vitórias de Harvey e duas de Oliveira. O último confronto havia sido na final dos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023, com vitória do americano.
Oliveira começou numa base canhota, numa mudança de sua habitual postura ortodoxa. Era estratégia para confundir o rival, e funcionou. Ele chegou a desequilibrar o americano com um direto de esquerda, mas não foi aberta contagem. Harvey pegou melhor a distância e o tempo da luta no decorrer do round e acertou alguns perigosos cruzados e diretos. Na reta final, Bolinha melhorou e voltou a conectar na longa distância. Três dos cinco juízes apontaram vantagem do brasileiro no primeiro assalto.
O brasileiro manteve a base canhota no segundo assalto. Harvey, contudo, passou a alternar a base também, e Bolinha alternava junto. O americano parecia já melhor ambientado ao ringue e à movimentação do paulista. Ainda Assim, Oliveira teve alguns bons momentos com esquivas e contragolpes. Novamente, três juízes viram vitória do brasileiro no segundo assalto, e ele foi ao último round em vantagem em dois cartões de pontuação.
Atrás no cartão de pontuação, Harvey foi para cima desde o início, tentando pressionar o brasileiro. Na “maluquice”, acabou batendo a cabeça e sofrendo um corte abaixo do olho direito. Bolinha não se assustou com a pressão. Acertou bons jabs de encontro e seguiu mostrando uma esquiva eficiente. Harvey parecia desesperado e atacava sem preparar os golpes. O brasileiro aproveitou para golpear de encontro e esquivar bastante. Em alguns momentos, os dois se embolaram, e num deles, Oliveira levou o adversário ao chão numa queda à la MMA – seu pai e seu tio treinam lutadores da modalidade. Se fosse no judô, seria um ippon.
Quatro dos cinco juízes, porém, viram na maior atividade de Harvey a vantagem no terceiro assalto. Na soma das papeletas, três juízes apontaram vitória do americano por 29-28, e dois colocaram Bolinha como vencedor por 29-28. Revoltado com a decisão, o brasileiro saltou o ringue e saiu correndo.
GE