Tire os sapatos e dê uma volta pela praia. Conforme você anda, pegadas são deixadas. Se alguém decidir parar para observar os vestígios na areia conseguirá descobrir se você estava sozinho ou acompanhado, de onde saiu e para que lugar foi, se parou no meio do caminho para descansar, e muito mais. A navegação na internet deixa rastros bem parecidos com esses.
Para evitar pegadas digitais, há duas formas populares: navegação anônima embrowsers, e o uso de programas específicos.
“Ao visitar um website, ele pode inferir seu gênero, perfil socioeconômico, cidade de residência, contas nas redes sociais, o modelo específico do aparelho eletrônico em uso, entre outros”, explica Thiago Ayub, diretor da empresa especializada em distribuição de dados UPX Technologies. “A navegação anônima é um conjunto de medidas que visam reduzir estes vestígios e dar maior privacidade ao usuário.”
Na prática, a chamada “navegação anônima” pode ocultar o endereço de IP do internauta e evitar que informações pessoais e comportamentais sejam interceptadas, além de não permitir que certos incômodos, como cookies, sejam armazenados no navegador.
Dois níveis
A navegação anônima possui dois níveis: anonimato no navegador (mais simples) e na conexão. Ambos são complementares.
O primeiro é encontrado nos próprios navegadores. Seu principal objetivo é não salvar históricos e arquivos temporários. Por exemplo, se você já tem gravado login e senha do Facebook no browser, ao acessar a rede social por meio da janela privativa, esses dados não aparecerão pré-carregados. Sem contar que, assim que a janela for fechada, não haverá vestígios armazenados no navegador.
Já o anonimato na conexão tem o objetivo de ocultar a origem dos acessos. Dessa forma, os sites visitados não saberão sua cidade, o provedor e até mesmo o país. Isso pode ocorrer, por exemplo, com a ajuda da rede de privacidade Tor (http://www.torproject.org). “Este projeto possui soluções que podem ser usadas em conjunto com os navegadores Google Chrome e Mozilla Firefox. Porém, recomenda-se a utilização do Tor Browser, que reforçará a navegação por meio de customizações e plug-ins de segurança e privacidade personalizados”, diz Ricardo Ribeiro Tavares, professor da Faculdade Impacta Tecnologia.
Navegação blindada
É bom lembrar que não existe navegação 100% blindada. O que ocorre, com a opção da janela anônima, é uma redução dos vestígios deixados. “Manter o usuário anônimo não impedirá que sites inseguros com códigos maliciosos explorem vulnerabilidades no browser, comprometendo o computador do internauta e permitindo que seja possível identificar a origem da conexão e, muitas vezes, até sua residência”, afirma Tavares.
Vale ressaltar que, segundo especialistas, não há problema em usar permanentemente o recurso de janela anônima. “Ele não gera efeitos colaterais consideráveis, exceto a perda de configurações de conta e histórico a cada acesso. Já o anonimato da conexão deve ser usado pontualmente, quando o usuário teme ou suspeita que dados como sua cidade, provedor de acesso, número IP e até endereço de residência possam ser rastreados em seu desfavor”, aconselha Ayub.
Do Uol