O processo de combate à corrupção no futebol mundial teve um novo marco nesta quinta-feira. O Comitê de Ética da Fifa anunciou a suspensão de Joseph Blatter, presidente da Fifa, Michel Platini, presidente da Uefa, e Jérôme Valcke, ex-secretário-geral da entidade mundial. Os homens-fortes do futebol no planeta terão que ficar afastados de qualquer atividade ligada ao esporte por um período de 90 dias, que pode ser estendido por mais 45.
O comitê – que possui independência dentro da Fifa e é comandado pelo advogado Hans Joachim Eckert – afirmou que a decisão foi tomada por conta das investigações que vem conduzindo pelas acusações de corrupção envolvendo Blatter, Platini e Valcke. Além do trio, o ex-vice-presidente da entidade e pré-candidato à presidência Chung Mong-Joon foi banido por seis anos e multado em 100 mil francos suíços (R$ 401 mil) por má conduta no processo de escolha das sedes dos Mundiais de 2018 e 2022.
A decisão do Comitê de Ética atinge diretamente o atual mandatário do futebol mundial e o favorito a ser seu sucessor. Enquanto Blatter já se via envolvido em suspeitas desde que a crise na Fifa estourou em maio, com a prisão de sete dirigentes, Platini vinha se dizendo o homem certo para conduzir a entidade a uma nova fase, longe da corrupção, trabalhando de olho na eleição marcada para 26 de fevereiro.
Contudo, o francês foi surpreendido com um interrogatório na sede da Fifa na última sexta-feira, após uma reunião do Comitê Executivo – tudo por conta de um pagamento de 2 milhões de francos suíços (R$ 10 milhões) recebido por Platini em 2011. O presidente da Uefa se defendeu, alegando que tratava-se dos vencimentos por um “trabalho feito entre janeiro de 1999 e junho de 2002”.
Agora, fica a dúvida quanto à participação de Platini na eleição presidencial. As chapas devem ser oficializadas até o dia 26 de outubro – quando o francês ainda estará afastado das atividades no futebol. Os outros pré-candidatos são o príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, os ex-jogadores Zico e David Nakhid e o presidente da federação da Libéria, Musa Bility.
Também na última sexta veio à tona uma investigação criminal aberta pela Procuradoria-Geral da Suíça contra Blatter, por suspeita de apropriação indébita e má gestão. Apesar disso, o presidente afirmou que não deixaria o cargo na Fifa antes da eleição de fevereiro e ainda enviou uma carta às federações internacionais saindo em defesa de Platini, dizendo que o pagamento feito foi totalmente legal.
Jérôme Valcke, por sua vez, está afastado de seu cargo desde o mês passado, quando foi acusado de participação de um esquema de venda ilegal de ingressos na Copa do Mundo do ano passado. De acordo com denúncia do empresário Benny Alon, o francês ficaria com 50% dos lucros da comercialização de 11 mil bilhetes do Mundial.
Do Globo Esporte