O motorista do ônibus coletivo que se envolveu em uma colisão com um trem de passageiros na última segunda-feira (29) em Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, foi ouvido pela Polícia Civil na tarde desta terça-feira (1º). De acordo com o delegado Antonio Farias, o condutor do veículo relatou que teve medo de dar ré para sair da linha férrea e causar outro acidente.
O depoimento do motorista reforça a hipótese de que a passagem do ônibus coletivo estava bloqueada por outros veículos, conforme a polícia já havia mencionado ainda na tarde de ontem. Segundo o delegado o motorista disse que teve medo de bater nos outros veículos e ficou sem destino, a mercê da pancada do trem. “Ele disse que quando olhou para esquerda viu que o trem se aproximava e o trânsito estava obstruído. Buzinou, buzinou, mas não teve jeito”, acrescentou o delegado.
De acordo com Antônio Farias, o motorista relatou que o trânsito estaria obstruído por uma motocicleta e dois veículos e temeu manobrar de macha ré, pois poderia causar outro acidente.Após prestar depoimento, o motorista foi liberado e segundo o delegado, ele deve responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e vai aguardar o andamento do processo em liberdade.
A colisão aconteceu na passagem de nível de Várzea Nova, distrito de Santa Rita, no final da tarde de segunda-feira. As imagens de uma câmera de segurança instalada um estabelecimento comercial gravaram o acidente. No vídeo é possível ver desde o momento em que o ônibus para sobre os trilhos e quando é atingido pelo trem.
Entre a noite da segunda-feira (29) e a manhã desta terça-feira (1º), pelo menos cinco pessoas, todas parentes das vítimas que morreram no acidente foram ouvidas pela Polícia Civil.
Na manhã desta terça-feira, parentes das vítimas foram fazer o reconhecimento e liberar os corpos na sede da Gerência Executiva de Medicina e Odontologia Legal (Gemol).
Quatro mulheres morreram no acidente, sendo que três no momento da colisão e uma no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, durante a madrugada.
Velório e enterro das vítimas
Os corpos das vítimas foram velados e enterrados na tarde desta terça-feira. A professora Edilane da Silva Macedo Alves, de 49 anos, foi velada em um templo da Igreja Batista, que fica em Várzea Nova. A professora era casada e tinha dois filhos e dois netos. O corpo da zeladora Josefa Maria de Lima, de 52 anos, foi velado também nesta terça -feira (1º) em um Salão do Reino das Testeminhas de Jeová, também em Santa Rita. A zeladora havia sido demitida da escola em que trabalhava no mesmo dia do acidente. A doméstica Adriana Castro Alves, de 33 anos, foi velada na casa onde morava com o marido e os dois filhos. Todas as três mulheres foram enterradas no final da tarde, em cemitérios de Santa Rita.
O corpo da atendente de farmácia Cleia Percila do Nascimento Silva, de 39 anos, está sendo velado na casa da mãe dela, em Bayeux, também na Região Metropolitana de João Pessoa, e o enterro dela está previsto para acontecer nesta quarta-feira (2) também em Bayeux.
Vítimas tiveram alta
Duas pessoas que ficaram feridas no acidente tiveram alta do Hospital de Emergência e Trauma da capital paraibana na manhã desta terça-feira (1º). A informação foi divulgada por volta das 11h30, por meio de um boletim da unidade.
O documento do hospital também corrigiu o número de feridos no acidente que foram atendidos na unidade. Inicialmente a informação repassada pela unidade era de que nove pessoas haviam dado entrada por causa do acidente. No boletim mais recente, o número subiu para dez. A décima pessoa seria o cobrador do ônibus, cuja entrada havia sido registrada como procedente de outro acidente e só nesta terça-feira a informação no hospital foi corrigida.
As duas pessoas que tiveram alta são um jovem de 18 anos e um homem de 59 anos. Eles passaram por procedimentos de emergência e após ficarem em observação, foram liberados.
Além deles, outras sete pessoas seguem internadas, sendo três em estado regular, duas em estado grave e as outras estão estáveis. A informação foi atualizada às 17h45 após a divulgação do boletim da unidade hospitalar.
O acidente
O vídeo das câmeras de segurança, que foram divulgados, reforça a versão da assessoria de imprensa da Companhia Brasileira de de Trens Urbanos (CBTU), que havia informado na segunda-feira que o ônibus estaria parado na linha férrea e o trem teria buzinado várias vezes para alertar que estava se aproximando, mas ainda assim não evitou a colisão.
Com o impacto da batida, três mulheres que estavam dentro do ônibus foram jogadas para fora do veículo e morreram imediatamente. Nenhum passageiro do trem se feriu. Em nota, a CBTU lamentou o acidente e informou que vai abrir sindicância para apurar os fatos. A prefeitura de Santa Rita decretou cinco dias de luto oficial na cidade.
O governador Ricardo Coutinho, a Secretária estadual de Saúde, Roberta Abath, e o prefeito de Santa Rita, Severino Alves, conhecido como Netinho, foram até a unidade de saúde para acompanhar o atendimento as vítimas. Um rapaz que estava no coletivo foi encaminhado para Unidade de Pronto Atendimento de Urgência (UPA) do bairro de Tibiri em Santa Rita.
Em entrevista, o gerente operacional da empresa Santa Rita, proprietária do ônibus que se envolveu na colisão, Luiz Carlos André, lamentou o acidente e disse que a empresa vai colaborar com as investigações da polícia para esclarecer o caso.
“Em primeiro lugar eu quero lamentar a tragédia e dizer que estamos solidários. Infelizmente houve vítimas. A questão do acidente, seria irresponsável dizer o que causou, o momento e de averiguar, dar subsídio à polícia para descobrir o que causou o acidente”, disse Luiz Carlos André. O funcionário da empresa informou ainda que o motorista do veículo teve apenas ferimentos leves. Ainda de acordo com o representante da empresa, o motorista teve medo de sofrer algum tipo de agressão da população e por isso, teria deixado o local do acidente.
Hemocentro pede doações
A diretoria do Hemocentro da Paraíba fez um apelo para que as pessoas doem sangue para o feridos do acidente. Segundo o Hemocentro, o estoque de sangue da unidade está baixo e como os feridos estão em estado grave, há a necessidade de ter bolsas de sangue e hemoderivados à disposição dos feridos.
Do G1 Paraíba