Á caminho de mais um compromisso social, onde participaria de um evento religioso numa Comunidade rural; ainda emocionada com a abrupta exoneração do cargo de secretária da Assistência Social feita pelo Prefeito Elias Costa (PMDB), e muitas vezes com a voz embargada, a vice-prefeita de Jacaraú, Adriana Catolé (PMDB), abre o coração em uma entrevista exclusiva ao ManchetePB. Confira na íntegra:
ManchetePB (MPB): Boa noite Adriana, como está sua cabeça e coração após a ser exoneração do cargo de secretária pelo Prefeito Elias Costa, você já esperava por isso?
Adriana Catolé (AC): Estou triste por causa do convívio diário com a equipe que aprendi a amar e que tive que me despedir precocemente e às pressas. Triste por ter que abandonar Projetos que já estão em andamento… mas já esperava por essa decisão há alguns dias. As pessoas me diziam nas ruas que era só uma questão de tempo para que o Prefeito Elias Costa me tirasse da Secretaria, mas eu não acreditava porque achava que desempenhava um bom trabalho e ajudava sua gestão, logo, na minha cabeça não haveria motivos.
MPB: Como foi que você recebeu o comunicado?
AC: Elias me ligou pedindo que o encontrasse pela manhã para uma reunião. Até achei que seria uma reunião com todo secretariado. Quando cheguei estava só e sem mais rodeios ele me informou que eu seria substituída. Me disse que estaria a partir dali fazendo alterações na sua equipe administrativa e que por uma decisão tomada por outros secretários, começaria pela Assistência Social. Ainda indaguei por qual motivo, já que a Secretaria da Assistência Social (SMAS) estava funcionando de vento em polpa; mas ele foi reticente e não deu maiores informações, apenas garantiu que foi uma decisão em conjunto, porém não citou nomes. Mas já imagino quem foram.
MPB: Jacaraú só fala em seu nome, você tem ganhado notoriedade e suas ações à frente da SMAS tem se destacado; você acredita que essa decisão foi tomada numa tentativa estratégica de limitar suas ações e impedir seu crescimento político?
AC: Ganhar notoriedade nunca foi minha intenção, meu marido (Cibá Catolé) e eu sempre trabalhamos com o povo em ações sociais. Sempre fizemos doações e trabalhos beneficentes. À frente da SMAS eu sabia que me identificaria pois poderia continuar ajudando o povo e de uma maneira mais eficiente, mas nunca quis aparecer por isso, nunca usei a SMAS como palanque. Era natural pra mim estar ao lado das Comunidades. Mas o povo começou a agradecer e reconhecer esse trabalho e com isso eu acreditava que estava ajudando a gestão do Prefeito Elias, nunca prejudicando. Mas não foi assim que ele entendeu, tanto que desde o início eu nunca recebi nenhum apoio da Prefeitura. Nunca conseguimos recursos para realizar nenhuma ação ou Projeto. Tudo que fiz foi com recurso próprio da Secretaria ou do meu próprio bolso. Até a divulgação dos nossos serviços não eram feitos. Tivemos que promover nossas ações de maneira particular e isolada porque a Comunicação da Prefeitura não se “interessava” em tornar público.
MPB: Então você já sentia as limitações e a exclusão dentro do grupo?
AC: Sim, mas não imaginava que era proposital. Sempre acreditei que os recursos não chegavam por uma questão de dificuldades financeiras mesmo; eu acreditava em Elias. Agora, depois que passa eu começo a entender um monte de situações. Agora eu entendo que fui excluída desde o início.
MPB: Você pode dar exemplos dessas situações, o que te faz acreditar nisso só agora?
AC: Ah! situações que parecem cotidianas, mas que não eram… a ausência dele na maioria das nossas ações, a falta de recursos financeiros para todos os meus projetos… nunca fui convidada para opinar em nada, nunca tive poder para aconselhar, sempre soube das decisões após acontecerem. Inclusive, uma situação que por mim passou despercebido na época, mas que as pessoas nas Comunidades me chamaram a atenção dias depois, foi na festa da Cidade, na cerimônia de hasteamento eu não fui convidada para participar e no dia das mulheres, no pronunciamento do Prefeito, meu nome se quer foi lembrado. São pequenos detalhes e atitudes que a gente não percebe na hora, mas que já acontecia e eu não queria enxergar. Mas se Elias acha que vai me limitar a trabalhar em prol do povo, se engana. Agora é que faremos mais, eu já fazia tudo sozinha mesmo.
MPB: Você é presidente do Partido (PMDB) do Prefeito; essa decisão tomada, segundo você, de maneira injusta, pode provocar algum mal estar, qual o posicionamento do Partido?
AC: Você se lembra que Elias sempre foi do PT, e não encontrou apoio do Partido dele para ser candidato na eleição passada. Por outro lado nós do PMDB começamos a trabalhar meu nome para a disputa ainda em 2015. Tínhamos uma oposição na época dividida, havia outros nomes que se destacavam que era o de Aquino e Dr Severino. Dr Severino desistiu e Aquino não concordava com meu nome. Elias não tinha apoio de ninguém porque vinha de sucessivas derrotas e Aquino não abria mão de ser cabeça de chapa. Após muitos empasses meu marido foi procurado pelo próprio Elias Costa que pediu nosso apoio para deixar o PT. Ele queria se aliar ao nosso projeto político, e nós abrimos as portas de nosso Partido e de nossa casa para ele.
Elias Costa foi recebido no nosso meio com carinho e confiança, meu esposo chegou a dar a ele a posse do Partido se assim desejasse. Até chegar ao ponto de o colocarmos como opção. Eu saí da disputa, abrindo mão da cabeça de chapa para ele, ao mesmo tempo em que Aquino também desistiu em função de problemas familiares, e eu fiquei então como opção para vice. Muitos não acreditaram, muitos não aceitaram, mas nós acreditamos nele, nós apostamos nele, nós confiamos; foi quando começamos a trabalhar o nome Elias Costa e Adriana Catolé.
Nossas lideranças em Brasília não viram com bons olhos a união,na época, com um “petista” ferrenho, mas nós garantimos a eles que Elias era da nossa extrema confiança e que a partir dali caminharia com o PMDB com o mesmo empenho.
Trabalhamos lado a lado, fizemos uma campanha linda, pé no chão. Sempre fui honesta com Elias, meu objetivo foi sempre trabalhar por um projeto político diferente pra Jacaraú e eu acreditei que o dele também seria; mas após nossa vitória as coisas mudaram demais. Ele já não era tão acessível, não tinha mais a mesma postura da campanha e assumiu um papel autoritário. Hoje eu vejo que esse rompimento de agora aconteceu no dia da vitória; eu acho que foi quando ele passou a achar que Adriana Catolé não era mais necessária.
Nós tomamos posse e eu nunca fui convidada para participar de nenhuma decisão sobre a escolha da equipe administrativa, ou qualquer decisão política dentro do grupo. Mesmo assim, me mantive firme e forte trabalhando em prol do nosso projeto. Agora, depois dessa exoneração injusta, o clima que já não era dos melhores, fica insuportável.
MPB: “Ficar insuportável” em outras palavras quer dizer que você romperá com o prefeito Elias Costa?
AC: Antes de tudo quero deixar claro que não provoquei essa situação, me uni a Elias para caminhar os próximo quatro anos. Meu objetivo foi esse e trabalhei duro pra isso. Mas você concorda comigo que depois de ser exonerada por ele sem justa causa, sem aviso e sem explicações; depois de ter sido tão excluída de sua gestão, de praticamente ter sido vista como inimiga dele, não há condições de permanecer? Não provoquei o rompimento, fui expulsa por ele da sua administração, então, se não sou mais necessária, me retiro.
MPB: Adriana você acha que o Prefeito Elias Costa foi ingrato?
AC: Sim, com certeza. Se hoje ele é Prefeito desse município deve isso ao meu marido Cibá Catolé que o acolheu quando todos deram as costas, deve isso a centenas de amigos que acreditaram em nossa palavra quando abrimos nosso Partido e espaço em nosso ciclo de amizade. Ingrato comigo, com o Partido, com o povo que acreditou nele por intermédio de nós. Ingrato!
MPB: Como Presidente do Partido você pretende fazer alguma retaliação?
AC: Como Presidente do PMDB eu não encontro motivos para retaliar ou punir Elias Costa, até porque as decisões administrativas que ele toma de maneira particular, faz por decisão própria e tem autonomia pra isso. Mas como Presidente do Partido o que espero sinceramente é que ele tenha a hombridade de deixar o PMDB. Se ele não foi homem para assumir seus compromissos comigo, não há porquê continuar no Partido que eu presido.
MPB: Você espera que ele saia do PMDB, é isso?
AC: Sim, eu espero que ele tenha decência pra isso pelo menos.
MPB: Como fica o seu futuro político, você caminhará como uma nova força, ou se unirá a alguma outra liderança local, no caso os grupos dos ex-prefeitos João Ribeiro e/ou Cristina?
AC: É muito cedo pra eu dizer qualquer coisa nesse sentido. Os dois sem dúvidas são grandes lideranças e eu respeito o trabalho que cada um desempenhou, mas é cedo. A única coisa que posso te afirmar agora é que não vou desviar do meu caminho, que não vou abandonar o povo de Jacaraú. Continuarei desenvolvendo os trabalhos sociais com apoio do meu marido e dos amigos e lideranças que conquistei. Nosso trator vai continuar à serviço do agricultor, o Pipa vai continuar servindo o povo mais carente, continuarei fazendo serviços e ações sociais, pois é pra isso que me propus ser agente político. Se Elias Costa e seu grupo acham que me impedirão de trabalhar pelo povo, se enganou redondamente. Agora é que vou trabalhar com mais empenho e com mais força!
MPB: Até aqui, qual sua avaliação da gestão do Prefeito Elias Costa?
AC: Sem falsa modéstia posso dizer que a única secretaria que funcionava bem, era a Assistência Social, isso porque eu trabalhei muitas vezes com meus próprios recursos. No mais, tudo está desordenado e fora de controle. Você pode vê, eu não preciso dizer nada, basta uma volta pela Cidade e ouvir o que o povo diz.
Nós vencemos uma campanha pé no chão, sem prometer nada, sem nenhum tipo de amarra ou acordo; e hoje o que vemos é uma folha de pagamento super lotada, e salários superfaturados de pessoas que são ligadas a ele, ou familiares. Isso é um absurdo!
MPB: Você não via isso antes do rompimento?
AC: Claro que sim, cheguei a questionar dentro do grupo, minha preocupação era que no futuro Elias poderia ter problemas sérios com os órgãos de fiscalização, mas ninguém me dava atenção. Eu fazia parte de um grupo, eu entendia que minha obrigação era alertar o que achava errado, mas jamais seria antiética de alardear isso. Porém, ao invés de ser ouvida, acharam que eu queria aparecer ou prejudicar, sei lá! Quero o melhor pra Jacaraú, mas da forma como já está em tão pouco tempo, acho que dessa gestão será impossível esperar boas coisas, infelizmente.
MPB: 2020 Adriana Catolé será uma opção?
AC:O futuro só pertence a Deus, vou trabalhar para o bem do meu povo, o reconhecimento será uma consequência; mas eu estou em 2017 e penso só no agora e agora eu sou vice-Prefeita de Jacaraú e desse cargo nem Elias Costa e nem ninguém poderá me “exonerar” até 31 de dezembro de 2020 (risos).
MPB: Boa sorte em sua nova caminhada, Adriana?
AC: Muito obrigada ao ManchetePB pela atenção e aos milhares de amigos e lideranças políticas que se solidarizaram comigo por telefone, por mensagens ou pessoalmente. Muito obrigada a todos. Fé em Deus, cabeça erguida e vamos trabalhar pois tenho novidades pra todos em breve e serão boas notícias.
Pery Camilo
Com agradecimento à Biu Pereira (Assessoria)