Na segunda-feira (30), o Instituto Butantan entregou ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, mais de dez milhões de doses da vacina CoronaVac contra a COVID-19. Este foi o maior lote já enviado de doses do imunizante contra o coronavírus SARS-CoV-2, mas os planos — e o cronograma — do Butantan, a partir de agora, devem mudar. Isso porque a fórmula não será aplicada como injeção de reforço (terceira dose) para os brasileiros.
O contrato do Butantan com a Saúde previa entregas de doses da CoronaVac até o final de setembro, mas o instituto previa adiantar as remessas até o final deste mês. No total, o Butantan já entregou 92,8 milhões de doses para o governo federal. Agora, ainda faltam 7,1 milhões de doses para serem enviadas. Só que este envio pode levar algumas semanas para ser concluído.
Questão da terceira dose da vacina
Na última semana, a Saúde anunciou que deve ser aplicada uma dose de reforço nos idosos com mais de 70 anos e pessoas imunossuprimidas a partir da segunda semana de setembro, de forma escalonada. A terceira dose será uma importante iniciativa para melhorar as defesas imunológicas desse grupo que enfrenta a imunossenescência.
No entanto, a vacina que deve ser usada, preferencialmente, como a terceira dose é da Pfizer/BioNTech, segundo orientação da própria Saúde. “Na falta desse imunizante, a alternativa deverá ser feita com as vacinas de vetor viral, Janssen ou Astazeneca [Oxford/Fiocruz]”, detalha a pasta.
De acordo com as recomendações, o futuro da CoronaVac é incerto no plano nacional. Provavelmente, as últimas doses deverão ser usadas para completar a vacinação de quem já recebeu a primeira. Até o momento, nenhum detalhe foi comentado pela Saúde sobre a questão.
Por outro lado, diferente do que orienta o ministério da Saúde, o governo do estado de São Paulo já anunciou que a dose de reforço poderia ser feita também com a vacina CoronaVac.
Perspectivas da produção da CoronaVac no Brasil
“Ainda essa semana haverá uma liberação de doses e nós vamos atender o Ministério e os estados que tenham necessidade da vacina. Nós vamos compatibilizar os cronogramas e vamos fazer a entrega para todos que têm contrato”, afirmou o diretor do Butantan, Dimas Covas, durante coletiva de imprensa.
“Temos, neste momento, 13 milhões de doses no Brasil em processamento. Temos liberação quase que diária e estamos reprogramando as entregas porque temos outros contratos a serem concluídos, outros estados e outros países”, contou Dimas. Ainda não foram detalhados o destino da produção de doses da CoronaVac pelo Butantan.
Mesmo que o imunizante contra a COVID-19 não seja prioridade para a Saúde, as doses ainda poderão ser usadas contra a pandemia. Nesse sentido, existe a possibilidade de o imunizante ser exportado para outros países, que estão mais atrasados no processo de vacinação contra o coronavírus. Segundo a plataforma Our World in Data, apenas 1,7% das pessoas em países de baixa renda receberam pelo menos uma dose de alguma vacina. Em outras palavras, muito provavelmente, haverá mercado.
Do Manchete PB
Com Canaltech