A queda de cabelo foi incluída pelo Ministério da Saúde como mais um dos sintomas de chikungunya que podem aparecer depois da fase mais aguda da doença, somando-se às dores fortes e inchaço nas articulações. As informações são do Jornal Correio da Paraíba.
A aposentada Bernadete Costa, de 75 anos, teve a doença e, agora, três meses após os primeiros sintomas, começou a perceber que o cabelo dela estava caindo mais do que o normal.
“A chikungunya apareceu de repente. De uma hora pra outra me vi com dor no corpo, edema, vermelhidão e não tinha forças nem pra me cobrir. Hoje, continuo com dores nas articulações, mãos e pés, principalmente, mas faço controle disso com medicamentos prescritos por uma reumatologista. Também iniciarei o tratamento para queda de cabelo. Isso é o mínimo diante do que a gente sabe que essa doença pode causar”, lembrou.
A infectologista Joana D’arc Frade afirma que antes de ser anunciada pelo Ministério da Saúde, ela já havia percebido que a queda de cabelo era um problema proveniente da enfermidade viral. “No meu consultório, essa queixa é recorrente. Além dela, temos muitas outras, cada vez mais abrangentes. Por exemplo, muitos pacientes que tiveram a doença atestam alteração na qualidade do sono. O fato da chikungunya ser uma doença relativamente nova no país acarreta essas e muitas outras surpresas”, disse a médica.
A infectologista explicou ainda que a queda de cabelo é cientificamente chamada de eflúvio telógeno, podendo ser provocada ainda por falta de vitaminas e estresse.
Joana Frade ressaltou que, normalmente, podem cair até 100 fios de cabelo, por dia. Se a mulher ou homem que tiver tido chikungunya começar a notar muitos fios no travesseiro e na roupa, ou perda de densidade capilar, deverá procurar um dermatologista para iniciar um tratamento. “De qualquer forma, é um problema transitório. Quem teve zika também pode apresentar esse quadro. No entanto, devido o período de intensidade dos sintomas desta doença ser menor que o da chikungunya, ocorre bem menos”, pontuou.
Apesar de todos os males que a doença traz, a médica aconselhou que as pessoas não devem se automedicar. “Por não existir antiviral específico para chikungunya, muitos pacientes se medicam com antiinflamatórios, analgésicos e outros remédios por conta própria, isso é muito perigoso. O tratamento é sintomático e individual, a depender de cada caso, já que os sintomas são muito diversos”, disse.
101 casos por dia
O último boletim da SES apontou um acréscimo de 2.030 casos suspeitos em 20 dias, ou seja, 101,5 novos casos surgiram por dia. A Gerência Operacional de Vigilância Epidemiológica alerta para um provável aumento desse número a partir de dezembro, quando devem ter início as primeiras chuvas de verão no Estado.
“É importante frisar que dos 11 óbitos confirmados por chikungunya, destaca-se a I Gerência Regional de Saúde com a maioria deles, sendo cinco em João Pessoa, um em Bayeux e um em Cabedelo. Isto acontece exatamente porque o Litoral é o único lugar do Estado que tem registrado índices pluviométricos significativos. Por isso que a população não pode se descuidar”, explicou Izabel Sarmento, gerente da SES.